Músicas XIII – Mr. Universe – Ian Gillan Band.

9 de abril de 2012 2 comentários

Pois bem, é inevitável dizer que Deep Purple foi uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos. Formando a chamada “Santíssima Trindade” junto com Black Sabbath e Led Zeppelin, lançou álbuns que são essenciais para qualquer melômano interessado em classic rock ter em sua coleção.

Entretanto, a música a ser abordada nesse post não exatamente faz parte dessa clássica trindade, mas sim de um dos herdeiros do legado purpleniano: o projeto solo do mais clássico vocalista dessa banda, que no caso é o silver voice Ian Gillan.

Escolhi a faixa Mr. Universe, do disco homônimo lançado em 1979, por um simples e, talvez, polêmico motivo: considero a melhor música já cantada pelo Ian Gillan, ou, pelo menos, a melhor interpretação vocal de sua carreira.

E também não posso deixar de compartilhar o fato de que conheci essa pérola a pouco tempo atrás e, tendo em vista que poucos já ouviram ela, nada mais apropriado que mostrar ao eventual leitor algo mais desconhecido.

Esta é uma faixa que mostra um Ian Gillan no auge de sua forma, onde ele encontra seu perfeito equilíbrio no seu estilo “berrador” e melódico. Enquanto em Child in Time (Faixa do in Rock) escutamos um Gillan, mesmo que brilhante, tentando alcançar notas só audíveis por cães, aqui ele alcança uma tonalidade aguda e um timbre agressivo na medida certa.

Óbvio que as qualidades da composição não se restringem as suas peripécias vocais, mas também em todo um instrumental e uma levada rítmica que conseguem captar o melhor que o estilo setentista de se fazer heavy metal consolidou.

 Como disse antes, Mr. Universe está longe de ser considerado um clássico, uma música super famosa aclamada pela crítica e pelo público, mas existem muitas pequenas obras-primas obscuras que merecem ser mais divulgadas.

Sendo assim, segue o vídeo abaixo para apreciação, pois tenho certeza que muitos irão adorar essa faixa:

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Não é para isso que o Gramophone foi inventado.

28 de dezembro de 2011 1 comentário

Até hoje, nessa minha (ainda) breve existência terrena, não consegui compreender a necessidade que as pessoas tem de escutar música péssima em decibéis de avião a jato.              

Sem entrar em maiores delongas no que tange a concepção pessoal de música ruim ou boa, a verdade é que de um alto-falante que emana fortíssimos volumes de manifestações sonoras inferiores nunca se ouve MPB, Rock, Jazz, Blues, Música Clássica, etc… É aquela velha fórmula da física-social: A qualidade da musica é inversamente proporcional ao volume que emana dos alto-falantes.

O ser humano tem uma forte tendência em ocultar seus traços negativos, mas curiosamente o mesmo não ocorre com a música. Além de uma questão de mostrar aos 4 ventos a sua infâmia (já que, de acordo com as leis da física, o som se propaga em todas as direções), este ouvinte desprovido de um  mínimo senso estético e certamente avesso as mais comezinhas regras de educação e convívio social, ainda pretende IMPOR aos demais conviventes essas melodias (?) deturpadas.

A partir desse momento, não há mais escolha. Nossos ouvidos viram reféns dessa prática, nossos tímpanos tornam-se suas principais vítimas.

Se eu pudesse (ou tivesse tempo) de criar um rol de babaquices do ser humano, indubitavelmente que esta prática estaria no “top 5”.

Penso eu que este ouvinte, que anda pela cidade com seu tunado som automotivo, deveria se conscientizar que não está fazendo bonito, não está agradando ninguém e só está chamando uma atenção negativa para sua pessoa.

Sendo assim, remeto-me ao título desse post: Não é para isso que o Gramphone (o primeiro aparelho apto a reproduzir sons previamente gravados) foi inventado.

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Músicas XII – Blue Rondo à La Turk – Dave Brubeck.

1 de novembro de 2011 3 comentários

Blue Rondo à La Turk, a música de abertura do álbum “Time Out” lançado em 1959, de autoria de Dave Brubeck , é o tipo de faixa que eu costumo indicar a título de introdução ao universo do Jazz.

Como o próprio nome revela, Blue Rondo à La Turk é uma composição que consegue misturar, com maestria, Jazz (Blue), música erudita da época do classicismo (Rondo) e ritmos turcos (à La Turk). Numa tradução livre, eu diria que Blue Rondo à La Turk significa Rondó bluesístico à moda turca.

São poucos os músicos que conseguem fazer um crossover tão incomum com tamanha maestria.

Mas o principal mote dessa música, na minha opinião, está em seu ritmo, o qual é imprimido em um peculiar andamento de 9/8.

Nossos ouvidos ocidentais estão acostumados com canções compostas em compasso 4/4; 3/4 e 2/4, ou mesmo um 12/8 (típico do blues). Qualquer variação sobre essas fórmulas sempre geram um certo desafio rítmico na contagem do tempo.

Entretanto, o que temos aqui é o que podemos chamar de um pequeno absurdo.

Como exercício, experimente acompanhar o prato de condução da bateria no trecho que compreende 01:08 e 01:19. Não conseguimos contar o ritmo com naturalidade.

E sim, deixando de lado tais aspectos teóricos, de nada adiantaria tamanha precisão técnica e rítmica se a música aqui comentada não fosse uma excelente composição.

Sou da tese que as melhores músicas são aquelas que conseguem manter coesão entre a técnica, a teoria e a criatividade, as quais, além de entreter, tem conteúdo, por assim dizer.

Com essa postagem mais breve que o costume, deixo logo o link abaixo para a devida apreciação:


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Músicas XI – Nellie the Elephant – Toy Dolls/Mandy Miller.

7 de setembro de 2011 5 comentários

Dentre os diversos sub-gêneros que compõem o universo do Rock´n´Roll, nunca fui muito fã de Punk Rock, salvo as honrosas exceções de Ramones e Toy Dolls.

Não tenho muita paciência com um estilo formado por bandas cujos instrumentistas, via de regra, não tem aquela vontade de dominar minimamente seus instrumentos. Tampouco gosto desse espírito contestador carregado de ingenuidade.

Na verdade, o Punk Rock não surgiu como uma forma de protesto político, quem fez isso foram os ingleses. As primeiras bandas do gênero pretendiam apenas resgatar o espírito mais simples do rock´n´roll quando este estava se tornando algo complexo, inatingível e pretensioso. Ou seja, o movimento surgiu como uma necessária antítese ao cenário que bandas como Yes, Emerson Lake & Palmer e Genesis estavam construindo com o rock progressivo, isso sem falar nos grandes astros, que já alcançavam a posição de semi-deuses do showbizz.

Sendo assim, escrevi esse breve introito para justificar o porquê de gostar dessas exceções. Essa vertente do punk, preocupada somente com a diversão, sempre me agradou. Melhor se portar de maneira alienada do que arrotar discursos ideológicos pretensiosos no microfone, eis que o mundo é  complexo demais para ser descrito em canções de 2 minutos de duração.  Deixem essa tarefa aos filósofos e cientistas políticos.

Falando especificamente de Toy Dolls, considero esta a banda punk mais peculiar que existe. Além do espírito lúdico que permeia suas canções, seu instrumental é muito bem trabalhado. O guitarrista Olga é um indubitavelmente um exímio instrumentista, o que destoa absurdamente dos primários 3 acordes que os punks devem sentir até mesmo dificuldade para tocar.

Para ilustrar bem essa banda, escolhi a música Nellie the Elephant, uma das mais divertidas que conheço.

O que pouca gente sabe sobre Nellie the Elephant é que se trata de uma versão de uma música infantil inglesa dos anos 50.

A versão original, arranjada por Ron Goodwin, produzida por George Martin (sim, ele mesmo, o dos “Bítous) e interpretada por uma atriz-mirim chamada Mandy Miller em 1956 nunca foi um Hit Single, mas a BBC a executou diversas vezes durante os anos 50 e 60 na sua programação voltada ao público infantil (pelo menos é o que a Wikipedia diz).

Já a versão do Toy Dolls foi gravada em seu debut album chamado Dig That Groove Baby, de 1982.

O resultado é hilário e empolgante, impossível não sentir vontade de sair pulando em moshs suicidas e sofrer fraturas expostas em rodinhas de polga (ainda existe esse termo?).

Segue abaixo os links da versão original, que pouca gente conhece, e de sua homenagem punk.

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Músicas X – Little Wing – Jimi Hendrix

6 de setembro de 2011 5 comentários

Um dos maiores clichês que existem no universo do rock´n´roll é considerar Jimi Hendrix como o melhor guitarrista de todos os tempos.

Sou daquelas pessoas quase obsessivas em fugir do senso comum, mas as vezes tenho que concordar com a maioria. É óbvio que muitos guitarrreiros (termo que gosto de usar para definir ratos de conservatórios que passam 36 horas diárias estudando escalas) torcem o nariz para a devida importância desse guitarrista, dirão eles que sua técnica foi a muito tempo superada, que se trata de um reles repetidor de escalas pentatônicas, que hoje temos Malmsteen, Steve Morse, Steve Vai, e tantos outros “Steves”.

Aliás, é curioso a quantia de guitarristas batizados de Steve.

Mas a verdade é que a música, como todas as outras espécies de arte, não é apenas técnica. Existe a inspiração e a criatividade (evitarei usar o errôneo e idiota termo feeling), e isso Hendrix tinha de sobra.

O que o eventual leitor deve levar em consideração é que Hendrix remonta de uma época em que a guitarra, no universo do rock´n´roll, e salvo raras exceções, era mais um coadjuvante de canções centradas nos vocais do que propriamente um instrumento de caráter solista. Vale dizer, Hendrix expandiu o conceito da guitarra de tal modo que abriu caminho para todo seu desenvolvimento que viria a ocorrer nas décadas vindouras, seja em sua verve técnica, artística ou tecnológica.

E, é claro, de nada valeria toda essa inovação sem que houvesse, de fato, grandes canções, tal como a escolhida para esse post: Little Wing, 6ª faixa do álbum Axis: Bold as Love, lançado em 1967.

A referida canção trata-se de uma balada das mais psicodélicas, bem ao sabor anos 60, com uma letra tão surreal que prefiro nem traduzi-la (Well she’s walking / through the clouds / With a circus mind that’s running round Butterflies and zebras / And moonbeams and fairy tales —>> WTF??), mas sou partidário da tese que na música, basta uma boa melodia ou um instrumental bacana.

Diz a história que a canção, por destoar um pouco do espírito mais “selvagem” presente nas outras músicas de Hendrix, só ganhou maiores holofotes após ser coverizada por Eric Clapton junto com  Derek & Dominos, a qual, em minha opinião, é uma versão muito ruim. A versão original, com esse riff baseado em frases de duas notas simultâneas em dueto com um “sininho” percussivo (Nunca consegui identificar qual é o instrumento), sempre foi a mais carregada do do verdadeiro espírito que Hendrix quis transparecer.

Alías, o riff de Little Wing é tão marcante que é possível identificar ele sendo quase plagiado em músicas de outras bandas, tais como Catch the Rainbow (Rainbow), e, num universo mais Pop, na  Under the Bridge (Red Hot Chilli Peppers).

Além desses “kibes”, a canção foi ainda coverizada por Sting, Tuck & Patti, Stevie Ray Vaughan & Double Trouble, Skid Row, Gil Evans, Paul Rodgers, Concrete Blonde e the Corrs.

Sem maiores lero-leros, segue abaixo a música para que ela fale por si só:


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Músicas IX – Vide-Vida Marvada – Rolando Boldrin.

4 de julho de 2011 2 comentários

Iniciemos com um clichê: “Ah, eu nada tenho contra a verdadeira música caipira de raiz, o que é muito diferente desse sertanojo de corno que tanto incomoda os meus ouvidos“.

Ora, nem todo clichê é mentiroso, não é mesmo? Principalmente em tempos onde o tal “sertanejo universitário”,  representado por  “artistas” de qualidade duvidosa como Luan Santana, desfruta o auge da popularidade.

A verdade é que vivenciamos hoje o que se chama “a quarta era da música sertaneja”, que conseguiu diluir ainda mais a essência da música caipira. Muito mais do que  a hecatombe sonora do que foi a “terceira era”, aquele tempo onde sucessos de Leandro & Leonardo; Zezé di Camargo & Luciano; etc, martelavam em todas as rádios desse Brasil, fazendo com que nossa memória auditiva fosse impregnada de tal maneira dessas melodias a ponto de atingir o inconsciente coletivo tupiniquim.

Para maiores detalhes acerca da história do cancioneiro rural do Brasil, favor consultar a Wikipedia, cujo artigo, embora resumido, dá uma breve idéia desse gênero que merece respeito de todo audiófilo que se preze.

Sendo assim, nesse cotidiano martelado por “meteoros da paixão” e outras bobagens comerciais, é um verdadeiro alívio ouvir a canção “Vide-Vida Marvada”, cujo compositor, Rolando Boldrin, sempre foi  um curador do que é a música caipira do interior do país, sempre entoando, do alto de sua viola, suas modas, toadas, cateretês, chulas, emboladas e batuques.

Desconheço o contexto em que essa música foi composta. Toda a vez que a ouço, tenho uma certa impressão de ser um trabalho de “antropologia cultural”, na falta de um termo melhor. Parecido com que os artistas do  modernismo faziam: identificar a cultura nacional e dilui-la em uma arte mais refinada.

Mas em nada tira a graça do que considero uma das melhores músicas sertanejas já compostas. Vale dizer que estou, sem nenhum exagero, a três meses com essa melodia na cabeça, sempre cantarolando-a por aí. Talvez esse post seja até mesmo um exorcismo necessário, de tanto que a fico recordando no dia-a-dia.

Segue abaixo um clipe do youtube para v. apreciação:

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Músicas VIII – Too Old to Rock ‘N’ Roll: Too Young to Die – Jethro Tull

6 de março de 2011 3 comentários

Eis a nostalgia, este ato de olhar para o passado através de lentes douradas.

A música escolhida para este post, Too Old to Rock ‘N’ Roll: Too Young to Die, da  banda Jethro Tull, é a que melhor retrata esse tema.

Correndo o risco de tornar este texto excessivamente pessoal, digo eu que, já estando com 30 anos de idade (moleque para alguns, tiozão para outros), essa canção tem um significado muito especial para mim.

A letra da música conta a história de um velho rockeiro que, diante das inevitáveis coisas que vem com a passagem do tempo (a maturidade, as responsabilidades,  a família, etc..), sempre se mantém fiel a seu estilo de vida, ou seja, uma personificação pura do arquétipo junguiano do Puer Aeternus.

Toda a vez que escuto  essa música, começo a lembrar dos tempos em que a minha maior preocupação era conseguir R$ 10,00 para poder curtir alguma banda cover qualquer no Hangar, famoso reduto metaleiro de Curitiba na década de 90.

Pois é né? Sou de uma época em que dez reais eram suficientes para aproveitar uma noite inteirinha! Como as coisas mudam, não é mesmo?

Como dito no primeiro parágrafo deste texto, a nostalgia é enxergar o passado através de lentes douradas, eis que tendemos a romantiza-lo.  Nostalgia é achar que nossa juventude era apenas festas e sair com os amigos. Esquecemos que é uma fase repleta de inseguranças, de escolhas erradas, de espinhas na cara,  de estudar para vestibular, de se ferrar em estágios mal remunerados, etc… poderia citar inúmeras coisas negativas da adolescência e do começo da fase adulta.

Mas enfim, posso realmente não ter tecido muitos comentários sobre a música em si, mas tudo que aqui escrevo vem a minha cabeça quando escuto essa canção. Por mais que sua letra retrate um velho rockeiro fora de moda, com seus longos cabelos, penso eu que ela quer dizer mais do que isso: quer retratar  a sensação de nostalgia  que sentimos quando olhamos para nossa juventude.

Acho que sempre seremos bem assim como a canção diz: muito velhos para o rock´n´roll e jovens demais para morrer.

Para mostrar a música, segue o link de seu divertidíssimo clipe, o qual, aliás, é um de meus preferidos de todos os tempos, de tão tosco que é.

Rogo por uma atenção especial aos fabulosos efeitos especiais inseridos no trecho compreendido 03m18s e 04m10s:

 

 

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Músicas VII – N.I.B. – Black Sabbath

1 de março de 2011 7 comentários

Sou partidário da tese que a primeira frase de um texto é a mais difícil de ser criada.

Ciente dessa dificuldade, apresento esta minha teoria como introdução a essa “resenha” porque realmente não estava tendo idéias de como iniciar um texto que aborde música tão peculiar como essa.

Pois bem, “peculiar” é a palavra de ordem de NIB, música presente no álbum de estréia do Black Sabbath, entitulado de… ahmm… Black Sabbath!

Vamos começar pelo título da música, o que diabos vem a significar NIB?

Uma das teorias que muitos defendem é que N.I.B. é uma sigla para Nativity in Black (trad: Natividade em negro? Alguém me ajuda?), teoria essa que remonta a época do lançamento do primeiro tributo ao Black Sabbath, que assim foi batizado.

Outra teoria, que acredito ser a mais correta (após ler vários fóruns de discussão) é que N.I.B. significa nada mais, nada menos,  uma trollagenzinha (de autoria de um Ozzy chapado) sobre a barba do baterista Bill Ward. Segundo consta, a barba do baterista parecia uma “ponta de caneta”, o que em inglês significa “nib on the end of a pen“.

Geezer Butler, por sua vez, provavelmente para deixar o título ainda mais enigmático, achou por bem colocar sinais do pontuação no final de cada letra, a fim de que o nome parecesse uma sigla, mas que na verdade não abrevia nada.

Passado o estranhamento inicial, a música começa com um heterodoxo (e bem executado) solo de baixo, que nas edições americanas do álbum era chamado de bassically. Logo após, tem-se todas as características dos primórdios tempos do Black Sabbath, tais como os vocais cuidadosamente desafinados; os riffs, riffs e mais riffs; os solos de guitarra gravados simultaneamente de maneira quase desconexa, etc… É a infância do Heavy Metal.

Mas o ponto alto da música é a letra de autoria do baixista Geezer Butler, que descreve o amor, a paixão, que o diabo (sim, o próprio Satan; Lúcifer; Tinhoso; Capiroto; qualquer designação vale) sente por uma mulher humana.

Ok, obviamente que você, eventual leitor, pode achar um tema desses algo no mínimo ridículo, entretanto, é impossível de ignorar que se trata de uma bela letra de valor verdadeiramente poético, basta examina-la com atenção.

Para provar a assertativa acima trago seus versos, com a respectiva tradução logo abaixo:

 

Some people say my love cannot be true
Please believe me, my love, and Ill show you
I will give you those things you thought unreal
The sun, the moon, the stars all bear my seal

(Algumas pessoas dizem que meu amor não pode ser real
Por favor acredite em mim, meu amor, e vou te mostrar
Vou te dar as coisas que você julgava impossíveis
O sol, a lua, as estrelas, todas trazem meu selo)

Follow me now and you will not regret
Leaving the life you led before we met
You are the first to have this love of mine
Forever with me till the end of time

(Siga-me agora e você não vai se arrepender
Deixando a vida que tinha antes de nos encontrarmos
Você é a primeira que teve este meu amor
Sempre comigo até o fim dos tempos)

Your love for me has just got to be real
Before you know the way Im going to feel
Im going to feel
Im going to feel

(Seu amor por mim tem que ser real
Antes que você entenda a maneira como sinto
Eu vou sentir
Eu vou sentir)

 

Como se percebe, trata-se de uma bela letra de amor, mas a verdadeira sacada de Geezer Butler, ao compor esses versos, é deixar a supresa para o final:

 

Now I have you with me, under my power
Our love grows stronger now with every hour
Look into my eyes, you will see who I am
My name is lucifer, please take my hand

(Agora tenho você comigo, sob meu poder
Nosso amor se fortalece a cada hora
Olhe em meus olhos, você verá quem eu sou
Meu nome é Lúcifer, por favor segure minha mão)

 

Ou seja, depois de todo o romantismo dos versos, o ouvinte é supreendido com a revelação de que o apaixonado da letra é o Diabo.

Na minha opinião, essa música é o típico exemplo de uma idéia estúpida, porém muito bem executada.

Fica a lição para esse post que  a criatividade é indubitavelmente uma força que tudo embeleza.

Para terminar, deixo o tradicional vídeo:

 

 

 

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Músicas VI – Master of Puppets – Metallica

27 de fevereiro de 2011 6 comentários

Obviamente que eu não poderia deixar de abordar o Heavy Metal neste espaço.

Nunca entendi essa coisa de “oito ou oitenta” do Metal, eis que é um gênero que ou o fã idolatra como se fosse a suprema realização musical da humanidade ou o detrator esculhacha como se fosse uma espécie de câncer cultural no universo do Rock´n´ Roll.

Sopesando todos os argumentos favoráveis e contrários, é inegável que MUITA COISA BOA pode ser encontrada neste universo, basta não se deixar levar por radicalismos  proselitistas nem por um ódio infundado.

E então que chegamos ao 6º post da série abordando a música Master of Puppets, 2ª faixa do álbum intitulado… adivinha… Master of Puppets, lançado em 1986 pelo Metallica .

Diferente da postura comercial que o Metallica adotou a partir dos anos 90, com álbuns de ouro, platina, clipes de MTV, extensas turnês mundiais, esse álbum retrata aquele Metallica moleque, de várzea, cheio de  ginga e malemolência,  aquele Metallica da velha guarda, da alegria de receber um passe (malditos memes).

Deixando de lado essas piadas típicas de redes sociais tal como expostas no parágrafo interior, é bem verdade que a postura do Metallica nos anos 80 diferia muito do que vemos hoje. É uma música de uma época que eles evitavam a todo custo obter alguma exposição comercial, uma música dos tempos em que o Heavy Metal realmente tinha uma conotação, digamos assim, de arte para socialmente desajustados.

Não é nem por pedantismo que considero esta a melhor fase desta banda, mas sim porque, tendo eles simplesmente ignorado a exposição midiática, lhes permitiu uma liberdade criativa que não se encontra em tempos hodiernos.

A música Master of Puppets, um perfeito libelo anti-drogas, retrata muito bem isso: Riff arrasa-quarteirões, solos virtuosos de guitarra, interlúdio pseudo-erudito, enfim, um arquétipo do que o Heavy Metal deve ser.

A partir daí, o Metallica só foi decadência. Ouso dizer que nem mesmo o álbum Justice for All, tão aclamado pelos fãs, conseguiu repetir o brilho do início da carreira. Cliff Burton, baixista dessa formação que faleceu em um acidente com a van que transportava a banda, realmente fez muita falta.

Sem maiores delongas, eis a música:

 

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Músicas V – 5ª Sinfonia em Dó menor – Ludwig Van Beethoven

23 de fevereiro de 2011 2 comentários

Logo que comecei a escrever este post notei a coincidência entre a escolha da música e a numeração da série: 5º post, 5ª Sinfonia de Beethoven. Esclareço que não se trata de algo proposital.

Pois bem, superada esta sincronicidade, sempre considerei curiosa essa nossa tendência que temos de intepretar composições como se todas fossem ou tivessem a obrigação de expressar os sentimentos do compositor.

Trata-se de uma herança do romantismo, onde realmente o compositor tinha plena intenção de demonstrar seus sentimentos e/ou passar ao ouvinte imagens mentais.

Ludwig Van Beethoven, por sua vez, localiza-se em um período de transição entre o classicismo (de Mozart, Haydn) e o romantismo (Chopin, Brahms, etc..), assim, muitas das tentativas de “traduzir” sua obra em forma de “mensagens ao ouvinte” devem ser vistas com bastante ceticismo.

Aliás, permitam-me abrir um parênteses: O fato de Beethoven ficar entre o classicismo e romantismo é o que mais me atrai em sua obra, afinal, suas composições não tem aquela beleza toda adornada e intocável do classicismo, que as vezes parece um frágil vasinho de porcelana, nem aquela torrente de emoções e afetações típicas do romantismo.

Sua 5ª Sinfonia, tema deste post, é constantemente interpretada como uma composição que decreve “o destino batendo a sua porta“, o que eu acho uma bobagem.

Esta sinfonia deve ser ouvida, assim como grande parte de sua obra, como um grande mosaico de notas cuidadosamente colocadas na partitura. Qualquer interpretação/imagem mental é algo que vem do ouvinte, e não do compositor. Beethoven nunca revelou sobre o que pensava quando a compôs.

Falando em “notas cuidadosamente colocadas na partitura“, bota cuidadosa nisso! Esta sinfonia foi composta entre 1804 e 1808, ou seja, 4 anos. O que torna até risível aqueles argumentos do tipo: “Nossa, fulano de tal é um gênio, fez uma música em meia hora“.

Um dos grandes baratos da música erudita é justamente esse esmero trabalho do compositor, como uma escultura cuidadosamente talhada ao longo do tempo.

Se realmente houvesse uma interpretação para sua 5ª Sinfonia, eu diria que ela retrata, em um sentido extremamente abstrato, a passagem das trevas a luz. Mas provavelmente estou errado nisso. É uma composição muito profunda, e, cada vez que a escuto, aprendo mais sobre ela.

Enfim, trata-se de uma composição para dias em que precisamos recuperar a fé no ser humano, afinal, que outra espécie teria a capacidade de criar algo assim?

Para a apreciação desta obra trago abaixo a execução completa sob a regência de Herbet Von Karajan, cujo vídeo é dividido em 4 partes (uma para cada movimento).

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